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vagnerclementino-hotmart committed Dec 15, 2024
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## Origens

Meu nome é Vagner, sou filho de uma mineira com um italiano, ou é baiano...
Nesse momento me pego em dúvidas dado que são poucas sílabas de diferença que me
confundo. Gentílicos a parte, caso você tenha lido um artigo, assistido uma
palestra ou recebido um e-mail meu, deve ter percebido que eu assino Vagner
Clementino, contudo, o meu nome de registro é Vagner Clementino, dos Santos,
_"(...) e por que não dos orixás também?"_[^3] Algo que não deixa dúvida acerca
da minha origem baiana. E sejamos honestos, como um afro-brasileiro, a
Meu nome é Vagner, sou filho de uma mineira com um italiano, ou talvez
baiano... Nesse momento, me pego em dúvida, pois são poucas sílabas de
diferença que me confundem. Gentílicos à parte, caso você tenha lido um artigo,
assistido a uma palestra ou recebido um e-mail meu, deve ter percebido que eu
assino como Vagner Clementino. No entanto, meu nome de registro é Vagner
Clementino dos Santos, "e por que não dos orixás também?"[^3] Isso deixa claro
a minha origem baiana. E sejamos honestos, como um afro-brasileiro, a
determinação das minhas origens é tão frágil quanto acreditar em meritocracia.

De inicio o sobrenome _Clementino_ não me agradava: achava estranho e nada
comum. O meu desconforto piorou quando em 1996 foi lançada um clássico do
cancioneiro brasileiro conhecida como "Florentina" escrita e interpretada por
Francisco Everardo Oliveira Silva, vulgo Tiririca[^1].
No início, o sobrenome "Clementino" não me agradava: achava estranho e pouco
comum. Meu desconforto aumentou quando, em 1996, foi lançado um clássico do
cancioneiro brasileiro conhecido como "Florentina", escrito e interpretado por
Francisco Everardo Oliveira Silva, também conhecido como Tiririca[^1].

<iframe width="560"
height="315"
Expand All @@ -33,83 +33,92 @@ o meu nome, bem-vindo ao clube, pois é algo que eu me questiono desde então.
Não sei se por sorte, destino ou delírio coletivo, as pessoas relacionam o
refrão da música "Florentina" com o meu sobrenome. Por favor, acreditem em mim,
inúmeras vezes, ao dizer o meu nome, eu era surpreendido com "🎵Clementino,
Clementino, Clementino de Jesus (...)". Desde de encontros sociais até
recepções de hotel.
Clementino, Clementino de Jesus (...)" Desde encontros sociais até recepções de
hotel.

Por essas, e muitas outras, passei a assinar _Vagner Santos_ e me tornei mais
uma na multidão de pessoas da família 'Santos' brasileira. Seja Sílvio, Lulu ou
Alberto são vários os 'Santos' desse país. No Brasil são tanto os santos que em
novembro temos um dia para todos eles.
Por essas e muitas outras razões, passei a assinar como Vagner Santos e me
tornei mais um na multidão de pessoas da família 'Santos' brasileira. Seja
Sílvio, Lulu ou Alberto, são vários os 'Santos' deste país. No Brasil, há
tantos santos que em novembro temos um dia dedicado a todos eles.

E desde então carrego essa dúvida: deveria ser Santo(s), disputando devoção na
multidão, ou Clementino, e viver ignorando as pessoas cantando refrões de
qualidade duvidosa. Como foi dito no primeiro parágrafo, optei por
_Clementino_, mas sigo com as benção dos Santos e dos Orixás.
qualidade duvidosa? Como foi dito no primeiro parágrafo, optei por
_Clementino_, mas sigo com as bênçãos dos Santos e dos Orixás.

![Imagem representando a dúvida em usar Clementino ou Santos como sobrenome](to-be-or-not-to-be.png)

## Carreira

Eu concluí o Ensino Médio com louvor: professores e funcionários louvaram aos
anjos e aos santos que eu não frequentaria a escola no próximo ano. De fato,
naquela época, a única certeza que eu tinha, era a de estar perdido. O plano
era mais conseguir um emprego do que ter uma profissão. Passar no vestibular e
fazer um curso superior eram signos que não tinham significados.
Eu concluí o Ensino Médio com louvor: professores e funcionários elogiaram os
anjos e santos por eu não precisar frequentar a escola no próximo ano. Naquela época,
a única certeza que eu tinha era de estar perdido. Meu plano era apenas conseguir
um emprego, não ter uma profissão. Passar no vestibular e fazer um curso superior
eram símbolos sem significado para mim.

![Um deserto representando o sentimento de perdido ao finalizar o Ensino
Médio](./deserto.webp)

E naqueles longos meses após o término do Ensino Médio o desejo era de mudar o
mundo pela arte. Talvez ser um escritor ou compor as letras em uma banda de
punk rock. Sonhos de uma formiga que mesmo sabendo cantar teve que trabalhar,
ante ao inverno inevitável da vida adulta. E assim eu fui destilar a minha arte
como operador de telemarketing, meu primeiro trabalho (registrado) e que me
proporcionou os recursos necessários para o próximo passo: um curso superior.

As pessoas me diziam sobre uma facilidade (natural?!) em ensinar, especialmente
Matemática, então, por lógica, fazia sentido que eu tentasse algum curso de
licenciatura em Matemática. E para ser sincero eu não tinha muita certeza de
qual carreira eu gostaria de seguir, o requisito na verdade é que o curso
deveria ser gratuito. Com livros emprestados e estudando por conta própria
conseguir passar na primeira etapa da Universidade Federal de Minas Gerais[^2].
Tão impressionante quanto qualquer exceção que comprove uma regra.

O _talvez_ se transfigura em _certeza_ para quem nunca teve oportunidades.
E naqueles longos meses após o término do Ensino Médio, o desejo era de mudar o
mundo através da arte. Talvez ser um escritor ou compor letras em uma banda de
punk rock. Eram sonhos de uma formiga que, mesmo sabendo cantar, teve que
trabalhar diante do inverno inevitável da vida adulta. E assim, fui destilar
minha arte como operador de telemarketing, meu primeiro trabalho registrado,
que me proporcionou os recursos necessários para o próximo passo: um curso
superior.

As pessoas me diziam sobre uma facilidade natural em ensinar, especialmente
Matemática. Então, por lógica, fazia sentido que eu tentasse algum curso de
licenciatura em Matemática. Para ser sincero, eu não tinha muita certeza de
qual carreira eu gostaria de seguir, mas o requisito era que o curso fosse
gratuito. Com livros emprestados e estudando por conta própria, consegui passar
na primeira etapa da Universidade Federal de Minas Gerais. Foi tão
impressionante quanto qualquer exceção que comprova uma regra.

O _talvez_ se transforma em _certeza_ para quem nunca teve oportunidades.
Apesar de não ter conseguido passar no vestibular estudando por conta própria,
entendia que aquilo estava muito mais próximo do que nunca. No próximo ano eu
tinha conseguido entrar na graduação em Matemática. A partir daquele momento o
plano era que em pouco tempo eu estaria recebendo o nome de _professor_.

A vida é feita muito mais de "porém", "todavia" e "entretanto" do que de
linealidades. E com o passar dos dias eu me via cada mais interessado em
Computação. Talvez por ter conseguindo o meu primeiro computador aos 20 e
poucos anos ou ainda pela capacidade que eu tinha de formatá-lo a cada software
com vírus que eu baixava, tudo isso em tempo recorde, para que o meu irmão mais
velho que comprou o computador junto comigo não brigasse. Motivos a parte,
conseguir alterar a minha graduação para Sistemas de Informação e se tudo desse
certo, ao cabo de mais alguns anos, receberia o nome _desenvolvedor_,
_programador_, _menino do computador_ e etc.
entendia que aquilo estava muito mais próximo do que nunca. No próximo ano, eu
tinha conseguido entrar na graduação em Matemática. A partir daquele momento, o
plano era que em pouco tempo eu estaria recebendo o título de _professor_.

A vida é feita muito mais de "poréns", "todavias" e "entretantos" do que de
linearidades. Com o passar dos dias, eu me via cada vez mais interessado em
Computação. Talvez por ter conseguido meu primeiro computador aos 20 e poucos
anos, ou ainda pela habilidade que eu tinha de formatá-lo rapidamente a cada
software com vírus que eu baixava, para evitar brigas com meu irmão mais velho,
que comprou o computador junto comigo. Motivos à parte, consegui alterar minha
graduação para Sistemas de Informação e, se tudo desse certo, em alguns anos
receberia o título de "desenvolvedor", "programador", "menino do computador" e
assim por diante.

## Títulos

Entre indas e vindas o tão ~~sonhado~~ batalhado título chegou: _Bacharel em
Sistemas de Informação_, seguido pelo de Mestre em Ciência da Computação. No
âmbito profissional, embora não acadêmico, o tempo me conferiu os títulos de
desenvolvedor pleno, sênior, _Tech Leader_ e _Staff Engineering_. Essas
conquistas foram fruto de muito esforço e dedicação, e me permitiram ascender a
posições de destaque e liderança em minha área de atuação. Porém foram apenas
títulos, algo para se colocar em um quadro da parede ou descrito em um
currículo e nunca algo que seja capaz de nos resumir.
Entre idas e vindas, o tão sonhado título chegou: Bacharel em Sistemas de
Informação, seguido pelo de Mestre em Ciência da Computação. No âmbito
profissional, embora não acadêmico, o tempo me conferiu os títulos de
desenvolvedor pleno, sênior, Tech Leader e Staff Engineering. Essas conquistas
foram fruto de muito esforço e dedicação, e me permitiram ascender a posições
de destaque e liderança em minha área de atuação. Porém, foram apenas títulos,
algo para ser colocado em um quadro na parede ou descrito em um currículo, e
nunca algo que seja capaz de nos resumir.

## Sobre Nomes

Nomes e/ou sobrenomes dão as pessoas o sentimento de pertencimento ou origem, e
em alguns caso até mesmo de liberdade e recomeço, como no caso dos nome
sociais. Mas em essência os nomes existem para nos diferenciar, nos conceder um
papel e nunca para nos resumir. Seja os nomes que já tive (marido, amigo,
Nomes e/ou sobrenomes dão às pessoas o sentimento de pertencimento ou origem, e
em alguns casos até mesmo de liberdade e recomeço, como no caso dos nomes
sociais. Mas, em essência, os nomes existem para nos diferenciar, nos conceder
um papel e nunca para nos resumir. Sejam os nomes que já tive (marido, amigo,
irmão, filho, tio, padrinho, colega, desenvolvedor ou professor) ou aqueles que
por ventura ainda terei (pai, avó ou doutor) serão apenas recortes de uma
realidade maior que é a vida de qualquer pessoa.
por ventura ainda terei (pai, avó ou doutor), serão apenas recortes de uma que
é a nossa própria existência.

Acredito que é importante lembrar que somos muito mais do que nossos nomes e
rótulos, somos seres em constante transformação e evolução, e não devemos nos
limitar ou nos definir apenas por essas identificações. É preciso olhar para
além dos rótulos e enxergar a complexidade e singularidade de cada indivíduo.

Em resumo, nomes e rótulos são importantes para nos identificar e nos
diferenciar, mas não devem nos limitar ou definir completamente.

[^1]:
Tiririca.
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